domingo

Recife Anos 70






A PSICODELIA NO RECIFE DOS ANOS 70

Há muito, muito tempo atrás, quando eu nem sonhava em nascer, havia em minha cidade natal um grupo de músicos talentosos que tentaram unir o rock psicodélico, o folk, os sons indianos, a música e a poesia nordestina. E esse grupo conseguiu muito bem. Alguns de seus integrantes continuam sãos, outros se perderam por contadas drogas. Estou falando da Turma do Beco do Barato, que era um antigo bar underground do Recife no final dos anos 60 e começo dos 70. Essa turma era formada por Lailson, Marconi Notaro, Flavio
la, Robertinho de Recife, o grupo Ave Sangria, Lula Côrtes, Zé da Flauta e mais Zé Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo, que hoje em dia são mais conhecidos como artistas de "MPB". Esse grupo de artistas era avesso às regras do mercado, e sua estética musical era bastante experimental.

Felizmente, esse pessoal conseguiu gravar. Graças ao espaço cedido pela gravadora Rozenblit, daqui mesmo do Recife - e que se acabou por conta das enchentes que ocorreram no final dos anos 70 - , foram lançadas obras que são hoje conhecidas por todo o mundo e estão entre os principais discos de rock psicodélico de todos os tempos. Talvez pelo fato de a Rozenblit ter sido uma gravadora independente e aquela aversão aos padrões de consumo, esses discos são raríssimos. São eles "Satwa", de Lailson e Lula Côrtes; "Paêbirú", de Lula Côrtes e Zé Ramalho; "Flaviola e o Bando do Sol", de Flaviola; "No Sub Reino dos Metazoários", de Marconi Notaro; e o LP homônimo do Ave Sangria, o único a gravar por uma grande gravadora.

O Ave Sangria merece atenção especial, pois era formado por músicos de ponta daquela época: Ivinho, Agrício Noia, Paulo Rafael, que até hoje toca com Alceu, Israel Semente, Almir de Oliveira e Marco Polo, poeta e hoje editor da Revista Continente.

As obras desse pessoal ficaram esquecidas por bastante tempo, mas hoje em dia são referências indispensáveis para grupos como "Jorge Cabeleira e o Dia em que Seremos Todos Inúteis" e para minhas próprias ideias músicais.

Ouça:


Paêbirú: Caminho da Montanha do Sol,
de Lula Côrtes e Zé Ramalho (1975)
https://www.youtube.com/watch?v=uUyvtwSV6A8

Flaviola e o Bando do Sol

https://www.youtube.com/watch?v=eYVjZPNlfsM

Para quem quiser se aprofundar, 

deixo aqui duas recomendações:

1. Udigrudi Recife, blog com mais indicações de discos, livros, etc.
http://udigrudirecife.blogspot.com.br/

2. O Udigrudi da Pernambucália,
dissertação de mestrado de João Carlos Luna.
http://www.bdtd.ufpe.br/bdtd/tedeSimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=805

Um abraço!

quinta-feira

Dicas


Isso aqui tá bom demais


Festas populares que reúnem milhões de pessoas, vendas milionárias de discos e ciclo de shows demonstram o vigor do forró, um gênero que atravessa gerações


Por Mauro Trindade

É favor prestar atenção. O forró está em todas. Do sucesso sazonal nos anos 50 até o forró universitário dos anos 90, a festa e o ritmo nordestinos tornaram-se nacionais. Casas de espetáculos dedicadas ao gênero em todo o país, novos grupos que recriam seu balanço com a influência de outros estilos musicais e um ciclo de concertos que traçam sua história revelam o vigor e a permanência do gênero...No contrafluxo do rock brasileiro, esgotado após seu auge nos anos 80, ressurgiu um interesse por ritmos e danças brasileiras, como o forró, o pastoril e o tambor de crioula. O CD Sabe Lá o que É Isso?, do grupo Cordão do Boitatá, é exemplo desta redescoberta musical, com um repertório abundante de frevos, marchas e jongos. Ao mesmo tempo, o forró universitário contaminou-se com novas forças e influências, somando contrabaixos elétricos e outros instrumentos ao basilar trio de zabumba, sanfona e triângulo. O percussionista Duane, do grupo carioca Forróçacana, criou sua “zabumbatera”, enquanto grupos como o paulista Falamansa incorporam elementos do reggae e do blues. Com mais de dois milhões de discos vendidos, o Falamansa é o retrato mais bem-acabado do sucesso do forró e de sua multiplicidade. O sanfoneiro Valdir do Acordeon, de formação forrozeira, toca ao lado de Tato (voz e violão), Dezinho e Alemão (percussão), vindos do reggae e do heavy metal. Resumo das novas fusões embutidas num gênero cada vez mais rico e segmentado, em que passado e futuro não são inimigos, mas irmãos que se complementam.

Dicas:
CD Luiz Gonzaga: 50 Anos de Chão
CD Jackson do Pandeiro: 50 Anos de Carreira
CD A Arte de Dominguinhos
CD Cada um Belisca um Pouco, Dominguinhos, Sivuca e Oswaldinho
CD Sabe Lá o que É Isso?, Cordão do Boitatá
CD O Melhor Forró do Mundo, Forróçacana
CD Eu, Tu, Eles
CD Raiz do Sana

domingo

Rei do baião


Luiz Gonzaga foi um compositor popular nordestino, conhecido como o "rei do baião". Ele era natural de Exu, Pernambuco, filho de seu Januário e de dona Santana, onde nasceu em uma fazenda chamada Caiçara, que fica na divisa de Pernambuco e Ceará, no dia 13 de Dezembro de 1912. Ele faleceu em 2 de agosto de 1989. Autêntico representante da cultura nordestina, pois, mesmo seguindo carreira musical no sul do Brasil manteve-se fiel às suas origens. O gênero musical que o consagrou foi o Baião. A canção emblemática de sua carreira foi Asa Branca, que compôs em 1947, em parceria com o advogado cearense Humberto Teixeira.

No início da carreira, apenas solava sanfona (instrumentista), tendo choros, sambas, fox e outros gêneros da época no repertório até que se envereda pelos ritmos do Nordeste. A primeira música que gravou em 78 rpm (disco de 78 rotações por minuto) foi Vira e Mexe, canção do gênero xamego apenas solada. Em 11 de abril de 1945, Luiz Gonzaga gravou sua primeira música como cantor, no estúdio da RCA Victor: a mazurca Dança Mariquinha.

A Wikiquote tem uma coleção de citações de ou sobre: Luiz Gonzaga.
O Wikimedia Commons possui multimídia sobre: Luiz Gonzaga.


imagem:busto, Museo Luiz Gonzaga, Caruaru, PE.

sexta-feira

Sivuca


O talento de Sivuca, nascido Severino Dias de Oliveira, em 1930, na Paraíba, se manifestou precocemente. Com 9 anos já animava casamentos e festas pelo interior. Aos 15 foi tentar a sorte em um programa de calouros, em Recife, tocando, entre outras, Tico-Tico no Fubá, de Zequinha de Abreu, música que gravaria, anos depois, em seu primeiro disco. Estudou harmonia com o maestro Guerra-Peixe e foi parar em São Paulo pelas mãos da cantora Carmélia Alves. Trabalhou em dezenas de programas de rádio e foi do elenco fixo da TV Tupi de 1955 a 1959. Em 1958, foi representar o Brasil na Europa, juntamente com músicos como Abel Ferreira e o Trio Iraquitã. Morou quatro anos em Paris, de 1960 a 1964 e, em 1965, já estava nos Estados Unidos para integrar, como guitarrista, o conjunto de Miriam Makeba, famosa pela gravação de Pata Pata. Com ela viajou pela África, pela Europa e pela Ásia. Foram mais de dez anos acompanhando músicos de todas as vertentes e dirigindo musicais nos EUA. Voltou ao Brasil, em 1975, e gravou o belo Sivuca e Rosinha de Valença. Também compositor de mão cheia, compôs clássicos como Feira de Mangaio, com a mulher Glorinha Gadelha, sucesso na voz de Clara Nunes, e João e Maria, com Chico Buarque. Gravou com os gaitistas Toots Thielemans , Rildo Hora e interpretou Pixinguinha, Luperce Miranda e Bach. Aos 73 anos, Sivuca é um dos mais talentosos músicos em atividade no mundo. Fonte: biscoitofino
Site oficial de Sivuca