sexta-feira

Adeus a Sivuca


Faleceu em João Pessoa, PB, nesta quinta-feira, dia 14/12/06, um dos maiores músicos do Brasil, o acordeonista Sivuca, vitimado por um câncer. Nascido Severino Dias de Oliveira em 1930 em Itabaiana, PB. Começou sua carreira profissional ainda adolescente, em 1945, na Rádio Clube de Pernambuco — foi ali que recebeu o nome artístico de Sivuca. Embora famoso pela habilidade no forró, Sivuca também passeava tranquilamente por outros gêneros, como o choro. Site oficial do artista

Confira a discogragia completa de Sivuca.

"Motivo para Dançar" (1956)
"Motivo para Dançar Nº 2" - Sivuca e Seu Conjunto (1957)

"Rendez-vous a Rio" (1965)
"Golden Bossa Nova Guitar" (1968)

"Sivuca" (1968)
"Putte Wickman & Sivuca" (1969)

"Sivuca" (1969)
"Joy - Trilha Sonora do Musical" - Oscar Brown Jr. / Jean Pace / Sivuca (1970)
"Sivuca" (1972)
"Live at the Village Gate" (1973)
"Sivuca e Rosinha de Valença Ao Vivo" (1977)

"Sivuca" (1978)
"Forró e Frevo" (1980)
"Cabelo de Milho" (1980)

"Forró e Frevo Vol. 2" (1982)
"Vou Vida Afora" (1982)
"Onça Caetana" (1983)

"Forró e Frevo Vol. 3" (1983)

"Forró e Frevo Vol. 4" (1984)

"Sivuca & Chiquinho Do Acordeon" (1984)
"Som Brasil" (1985)
"Chiko's Bar" - Toots Thielemans & Sivuca (1986)

"Rendez-Vous in Rio" Sivuca / Toots Thielemans / Silvia (1986)

"Sanfona e Realejo" (1987)

"Let's Vamos" - Sivuca & Guitars Unlimited (1987)
"Um Pé No Asfalto, Um Pé Na Buraqueira" (1990)

"Pau Doido" (1993)
"Enfim Solo" (1997)
Foto site Sivuca na rede

sábado

Reza forte!


Visita à UFPE - Professor e maestro Nelson Almeida, Departamento de Música da UFPE. Tou prestando provas para o vestibular de Licenciatura em Música. Reza forte, gente!:))

BUMBA-MEU-BOI


O Bumba-meu boi é uma das grandes manifestações da cultura popular do Nordeste. Acho que já estava na hora de colocar alguma coisa sobre ele aqui no blog. Bem, apesar de conhecer pouco sobre o folguedo, sou fascinado pela sua beleza e poesia. As cores do boi, a história em si, tudo é de uma riqueza impressionante. E tudo isso é cultura popular, coisa feita pelo povo. Não tem mão de acadêmico (sem tirar o valor destes) ou metido a besta. Fiquem com informações sobre o Boi. Grande abraço.

quinta-feira

NAVEGAR É PRECISO


Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:

"Navegar é preciso; viver não é preciso".


Quero para mim o espírito [d]esta frase,

transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;

ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.


Fernando Pessoa

quarta-feira

Eleições

Neste domingo todos estão votando. É um momento extremamente complicado para o nosso país, e muito chato, o das eleições. A quantidade de papéis, carros de som etc. é insuportável. Eu, que tenho "alma" de artista, fico de saco cheio com esses sorrisos amarelos. Queria pedir a você que não comprasse corrupção. Pelamordedeus, não venda seu voto! Ou você quer que a situação continue? Por acaso você está achando a situação boa? E a saúde, está "quase perfeita" como diz o grande Lula? Pense muito bem. Um abraço.

sábado


“Helena Meirelles – A Dama da Viola”

Nasceu numa fazenda no pantanal do Mato Grosso do Sul e cresceu rodeada de peões, comitivas e violeiros. Fascinada pelas violas caipiras, a família não permitia que aprendesse a tocar, o que acabou fazendo por conta própria, às escondidas. Aos poucos ficou conhecida entre os boiadeiros da região. Casou-se por imposição dos pais aos 17 anos, abandonando o marido pouco tempo depois para juntar-se a um paraguaio que tocava violão e violino. Separou-se novamente e, resolvida a tocar viola em bares e farras, deixou os filhos dos dois casamentos com pais adotivos e ganhou a estrada até encontrar o terceiro marido, com quem está junto há mais de 35 anos. Depois de desaparecer por mais de 30 anos, foi encontrada bastante doente por uma irmã, que a levou para São Paulo, onde foi "descoberta pela mídia" a partir de uma matéria elogiosa na revista norte-americana "Guitar Player". Apresentou-se em um teatro pela primeira vez aos 67 anos, e gravou discos em seguida. Foi escolhida em 1993 pela Guitar Player como uma das "100 mais" por sua atuação nas violas de 6, 8, 10 e 12 cordas.
Discografia
Prêmio Spot Ligth Artist da revista norte-americana Guitar Player

Morre Helena Meirelles, a maior violeira do mundo


quinta-feira

O sertão abstrato de Guimarães Rosa


Guimarães Rosa tem uma coisa intrigante que é fazer narrativas longas em que cada palavra é importante. Graciliano Ramos fazia romances curtos com linguagem sintética e densa. O pessoal do Romantismo muitas vezes fazia narrativas longas e vazias de conteúdo. Aí entra Guimarães Rosa com algo importante para nossa literatura: levar o leitor a um estado de espírito que nem ele mesmo (o leitor) sabia que poderia chegar. A gente aprende com o "doutor Rosa", não só a ler narrativas longas, mas sobre nós mesmos. Ele dizia que o sertão está em toda parte. Essa frase pode ser interpretada de várias formas. Muitas vezes, pode nem ser a certa, mas estamos inventando, e acho que esse era o propósito dele ao escrever o romance: fazer o leitor descobrir sua próptia criatividade. Ou será que eu estou errado? Ficamos sem saber as respostas exatas. Mas, o que é exato nesta nossa vida humana?

Leia algumas as obras do autor:
Sagarana
Grande Sertão: Veredas
Tutaméia
Manuelzão e Miguilim
entre outras....

segunda-feira

VIVO!


Dia desses consegui finalmente um disco que há muito procurava e que me deixou surpreso. Obra desconhecida e rara. Difícil de classificar. Falo de Vivo!, disco lançado há 30 anos pela Som Livre com a gravação do show Vou Danado pra Catende, de Alceu Valença, no Rio de janeiro.

Lá por esses tempos, o cantor definia a base de uma carreira que inovaria a MPB. Só que, na época do registro em questão, seu som não chegava nem perto de “MPB”. Tinha forte acento experimental que o tornava inclassificável, situando-se próximo da psicodelia nordestina, tão bem representada pelo antológico Paêbirú, de Lula Côrtes e Zé Ramalho, disco do qual participaram vários músicos do underground recifense, inclusive Alceu.

O intrigante show Vou Danado pra Catende unia a teatralidade dos mamulengos, o cordel, o repente, lirismo e sarcasmo, tudo isso na imegem e na voz de Alceu. A banda de apoio era formada por (provavelmente) Zé Ramalho, Paulo Rafael, Israel Semente, Agrício Nóya, Dicinho e Zé da Flauta. Essa turma de cabeludos foi fundamental para colorir as idéias do cantor de São Bento do Uma. O resultado instrumental é uma mistura de Quinteto Armorial com Led Zeppelin e Ave Sangria.

A psicodelia de Alceu diferenciava-se de todas outras no fato de ser calcada no cordel e nas raízes da nossa música. O Beatles tiraram psicodelia da música indiana e da música erudita. Alceu encontrou uma psicodelia nordestina. Aliás, psicodelia é o que não falta na nossa cultura. Ouça bem uma música do Antúlio Madureira ou leia sobre algum mito sertanejo.

Alceu sempre soube equilibrar bem as informações colocadas em sua música, mas destacando sempre o que é da nossa terra. O rock está lá para dar força e vigor mais intensos, fazendo uma música intrigante, irreverente e muito rica, diferindo de purismos como os do pessoal que contestava o tropicalismo. Nordestino universal...

Infelizmente, o disco é uma raridade, mas você pode procurar no orkut, comuna Udigrudi, em sebos de discos usados, com algum parente... bem, boa sorte e lembre-se: escute sem preconceitos.

ASCENSO FERREIRA



Nasceu no dia 9 de maio de 1895, em Palmares, na zona da mata açucareira de Pernambuco. Sua mãe foi sua primeira professora e aos 13 anos Ascenso já trabalhava na loja de um padrinho. As histórias que ouvia dos viajantes o fascinaram, e mais tarde, povoaram seu universo poético. Homem de porte avantajado e vozeirão marcante, Ascenso mesmo assim era capaz de contar seus poemas de forma não raras vezes terna. O folclore e as coisas do Nordeste são a base de sua obra. Ele foi um dos poetas do nascente modernismo na década de 20. Seu livro mais conhecido é Catimbó, mas o que identifica imediatamente é o ritmo dos versos e a cadência da voz (“Vou danado pra Catende, com vontade de chegar!”). Ascenso Ferreira faleceu no recife no dia 5 de maio de 1965.

Fonte: Almanaque de Pernambuco 2003 – LAFEPE / Governo do Estado de Pernambuco – Secretaria de Saúde.

Trem de Alagoas (fragmentos)

O sino bate,
o condutor apita o apito,
solta o trem de ferro um grito,
põe-se logo a caminhar...

– Vou danado pra Catende
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
com vontade de chegar...

Mergulham mocambos
nos mangues molhados
moleques, mulatos,
vem vê-lo passar.

– Adeus!
– Adeus!

(...)

Meu Deus, já deixamos
a praia tão longe...
no entanto avistamos
bem perto outro mar...

Danou-se! Se move,
se arqueia, faz onda!...
Que nada! É um partido
já bom de cortar...

– Vou danado pra Catende
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
com vontade de chegar...

(...)

Para saber mais...

sábado

Óia eu aí!!!














Encontro com Silvério Pessoa (ex- Cascabulho)

















XXIV SKOPJE JAZZ FESTIVAL

com Lenine...

domingo

Pizindin


Jazz? Que nada! A boa música nacional dos 'Batutas Brasileiros'



Irineu de Almeida ( Pixinguinha) fixou residência na 'Pensão Viannaa', orientando de perto os progressos do menino flautista. Animado com o talento do filho, o velho Vianna importou da Italia uma flauta especial que custou a fortuna de 600$000 (Seiscentos Réis). Surgia mais um músico na familia Vianna. Levado pelo irmão China, que tocava violão, Pixinguinha, com apenas quatorze anos foi contratado para o conjunto da Concha, uma casa de chopp que havia na Lapa.

O 'flautista de calças curtas', como era conhecido nas quermesses e festas familiares, logo ganhou fama na vida noturna carioca. Propostas superiores aos 6$000 diários que ele recebia na Concha surgiram e ele foi tocar no Ponto, no ABC e no Cassino. Tocava até de madrugada, entusiasmando todos com seu sopro e imaginação. Mas isso era de noite. De dia, ele continuava um moleque não dispensava os jogos de pipa, bola e pião, além dos cigarros que fumava escondido, agora comprados com o seu dinheiro e ao seu gosto, e não mais os fortes roubados da vó Edwiges, chamados, à época de 'fuzileiros navais'.

E lá estava o Pizindin empinando o seu papagaio quando aparece um cidadão bem vestido e bem falante, trazendo um convite do violonista Arthur Nascimento, o Tute, para tocar com a orquestra do Maestro Paulino Sacramento, no Teatro Rio Branco. Meio assustado, foi saber do que se tratava.

-- Paulino, aqui está o flautista de quem lhe falei - disse Tute
-- Isso aí? Esse molecote? Flautista??? Tá mais precendo um galetinho! - espantou- se o diretor diante da figura comprida, desengonçada e de calças curtas que Tute guiava pelo pescoço.

No dia seguinte, no primeiro ensaio, a reação de espanto do maestro só não foi maior do que a dos músicos bigodudos, preocupados com as páginas e páginas de partitura, que viam Pixinguinha tranqüilo, soprando limpo e bonito a música inteira, em perfeito entendimento com o resto da orquestra.

-- Pegou tudo na antena. Nem olhou prá partitura! - comentou um.
-- Eu disse prá vocês que ele era um batuta - acrescentou Tute.

Assim, Pixinguinha garantiu o seu lugar na orquestra que tocaria na peça "Chegou Neves", com o melhor que existia de elenco naquela época. A notícia correu pela cidade: no Teatro Rio Branco havia um prodígio de flautista. Formou- se na platéia uma espécie de torcida, principalmente nas matinés de domingo, quando Pixinguinha fazia solos, acrescentando improvisos à cada nova apresentação.

terça-feira

"LOURO DO PAJEÚ"

Um dos grandes repentistas do Nordeste, Lourival Batista Patriota nasceu em 6/1/1915, na Vila Umburanas, hoje município de Itapetim – PE (antes pertencia a São José do Egito - PE) e faleceu em Recife – PE, em 8/12/1992.





"Versos do "Louro do Pajeú"


Meus filhos são passarinhos
que vivem dos meus gorjeios;
eu, para encher os seus papos,
caço grãos em chãos alheios
e só boto um grão no meu
quando vejo os deles cheios...

Meu DEUS que sorte mesquinha
desse cego e dessa cega,
chegaram aqui na bodega,
se meteram na branquinha,
DIOGO puxa CHIQUINHA,
CHIQUINHA puxa DIOGO,
ficaram assim nesse jogo,
o carro já está no prego.
A cega puxando o cego
e o cego puxando fogo.

Pra cantar um desafio
a ninguém peço socorro;...
vai chegando ORLANDO TEJO,
que é da altura dum morro,
TEJO que anda esta hora
não tem medo de cachorro.

Entre o gosto e o desgosto,
o quadro é bem diferente,
ser moço é ser um sol nascente,
ser velho é ser um sol posto,
pelas rugas do meu rosto,
o que fui hoje não sou,
ontem estive, hoje não estou,
que o sol ao nascer fulgura,
mas ao se pôr deixa escura
a parte que iluminou.

Um sábio muito profundo
me perguntou certa vez:
você já conhece os três
desmantelos deste mundo?
Eu respondi num segundo
DOIDO, MULHER e LADRÃO,
dei mais a explicação
DOIDO não tem paciência,
LADRÃO não tem consciência,
MULHER não tem coração.

sábado

O Mestre Jorge Ben Jor

Carioca de Madureira criado no Catumbi, desde pequeno gostava de cantar no coro da igreja e participar dos blocos de carnaval. Na adolescência e juventude ganhou um violão e começou a tocar bossa nova e rock'n'roll. Nos anos 60 apresentou-se no Beco das Garrafas, que se tornou um dos redutos da bossa nova. Lá foi ouvido por um produtor que o chamou para gravar. Logo saiu o primeiro compacto com "Mas, Que Nada" e "Por Causa de Você, Menina", em 1963, acompanhado pelo conjunto Copa Cinco. No mesmo ano lançou o primeiro LP, "Samba Esquema Novo". Foi para os Estados Unidos e lá suas composições "Zazueira", "Mas, Que Nada" e "Nena Naná" entraram nas paradas de sucesso, sendo gravadas por intérpretes como Sergio Mendes, Herb Alpert, José Feliciano e Trini Lopez. Na era dos musicais da TV, fiel a seu estilo múltiplo, participou tanto de O Fino da Bossa (comandado por Elis Regina) quanto do Jovem Guarda de Roberto Carlos, e mais adiante do Divino Maravilhoso dos tropicalistas Caetano e Gil. Em 1969 obteve enorme sucesso com "Cadê Teresa", "País Tropical" e "Que Maravilha", além de concorrer com "Charles, Anjo 45" no festival da canção da TV Globo. Venceria o festival em 1972, com "Fio Maravilha", interpretado por Maria Alcina. Lançou outros discos nos anos 70, incluindo clássicos como "A Tábua de Esmeralda" (1974) e "África Brasil" (1976). Na década seguinte dedicou-se a divulgar suas músicas no exterior. E 1989 mudou o nome artístico de Jorge Ben para Jorge Ben Jor. Sua música "W/Brasil (Chama o Síndico)", lançada em 1990, estourou nas pistas de dança em 91 e 92, tornando-se uma verdadeira febre. A partir daí seus discos se tornaram mais pops, sem perder o suíngue que sempre o caracterizou. "Músicas para Tocar em Elevador", de 1997, tem participações de 12 artistas, como Carlinhos Brown, Fernanda Abreu e Paralamas do Sucesso. A música de Jorge Ben Jor tem uma importância única na música brasileira por incorporar elementos novos no suíngue e na maneira de tocar violão, trazendo muito do soul e funk norte-americanos e ainda com influências árabes e africanas, que vieram através de sua mãe, nascida na Etiópia. Suas levadas vocais e instrumentais influenciaram muito o sambalanço e fizeram escola, arregimentando uma legião não só de admiradores como também de imitadores. Foi regravado e homenageado por inúmeros expoentes das novas gerações, como Mundo Livre S/A (em "Samba Esquema Noise") e Belô Velloso ("Amante Amado").

Fonte: http://www.cliquemusic.com.br/artistas/jorge-ben-jor.asp

SALVE, JACKSON!

Jackson do Pandeiro nasceu em Alagoa Grande, Paraíba, em 31 de agosto de 1919, com o nome de José Gomes Filho. Filho de uma cantadora de coco, Flora Mourão, que deu a ele o seu primeiro instrumento: o pandeiro.
Seu nome artístico nasceu de um apelido que ele mesmo se dava: Jack, inspirado em um mocinho de filmes de faroeste, Jack Perry. A transformação para Jackson foi uma sugestão de um diretor de programa de rádio. Dizia que ficaria mais sonoro e causaria mais efeito quando fosse ser anunciado.

Somente em 1953, já com trinta e cinco anos, foi que Jackson gravou o seu primeiro grande sucesso: "Sebastiana", de Rosil Cavalcanti. Logo depois, emplacou outro grande hit: "Forró em Limoeiro", rojão composto por Edgar Ferreira.

Foi na rádio pernambucana que ele conheceu Almira Castilho de Alburquerque, com quem se casou em 1956 vivendo com ela até 1967. Depois doze anos de convivência, Jackson e Almira se separaram e ele casou com a baiana Neuza Flores dos Anjos, de quem também se separou pouco antes de falecer.

No Rio, já trabalhando na Rádio Nacional, Jackson alcançou grande sucesso com "O Canto da Ema", "Chiclete com Banana", "Um a Um" e "Xote de Copacabana". Os críticos ficavam abismados com a facilidade de Jackson em cantar os mais diversos gêneros musicais: baião, coco, samba-coco, rojão, além de marchinhas de carnaval.

O fato de ter tocado tanto tempo nos cabarés aprimorou sua capacidade jazzística. Também é famosa a sua maneira de dividir a música, e diz-se que o próprio João Gilberto aprendeu a dividir com ele.

Já com sessenta e três anos, sofrendo de diabetes, ao fazer um show em Santa Cruz de Capibaribe, sentiu-se mal, mas não quis deixar o palco. Já estava enfartado mas continuou cantando, tendo feito ainda mais dois shows nessas condições, apesar do companheiro Severo, que o acompanhou durante anos na sanfona, ter insistido com ele para cancelar os compromissos: ele não permitiu. Indo depois cumprir outros compromissos em Brasília passou mal, tendo desmaiado no aeroporto e sendo transferido para o hospital. Dias depois, faleceu de embolia cerebral, em 10 de julho de 1982.

Texto de Tatiana Rocha

sexta-feira

Naná Vasconcelos

Filho de um violonista de Recife, teve na infância influências musicais que iam de Villa-Lobos a Jimi Hendrix. Especializou-se em instrumentos de percussão brasileiros, particularmente o berimbau. Depois de tocar por algum tempo em cabarés e bandas de Recife, mudou-se em 1966 para o Rio de Janeiro, onde conheceu Luiz Eça, Wilson das Neves, Gilberto Gil, e passou a acompanhar Milton Nascimento e o Som Imaginário. Integrou o Quarteto Livre (com Nelson Ângelo, Franklin da Flauta e Geraldo Azevedo) em 1968, mesmo ano em que acompanhou Geraldo Vandré no show "Caminhando (Pra Não Dizer que Não Falei de Flores)", logo interditado pela censura. Em 1970 foi convidado para integrar a turnê do saxofonista argentino Gato Barbieri pelos Estados Unidos e Europa. Por essa época começou a desenvolver seu trabalho de vanguarda. Naná radicou-se em Paris, onde gravou seu primeiro disco, "Áfricadeus". Em 1973 gravou no Brasil "Amazonas", um disco que se tornou um marco na combinação de percussão e voz na MPB. De volta ao Brasil, trabalhou com Egberto Gismonti por oito anos, tendo gravado juntos três álbuns, entre eles o aclamado "Dança das Cabeças". Nos anos 70 Naná Vasconcelos tocou com grandes nomes da música internacional, como Pat Metheny, B.B. King e Paul Simon. Já se apresentou como solista acompanhado por orquestras sinfônicas, excursionou pela Europa com dançarinos do Bronx e fez trilha sonora para cinema ("Down By Law", de Jim Jarmush). Além de dominar uma grande variedade de instrumentos de percussão, Naná Vasconcelos contribuiu para a divulgação internacional do berimbau.

FONTE

Para saber mais

Rabeca


Termo genérico para qualquer instrumento de cordas tocado com arco. Segundo Mário de Andrade no "Dicionário Musical Brasileiro", "Rabeca é como chamam ao violino os homens do povo no Brasil. Nas classes cultas é voz que já não se escuta mais. Desde a vulgarização do instrumento, pela segunda metade do século XIX, o chamaram de rabeca entre nós." Entre as formas pelas quais passou a palavra em várias línguas encontra-se rabé, rabel, rebel, rabil, raben, rabec, rebec, rabeca, rebeca, rebeb, rebeba, rubeba, rabebillo, rebequim, rabequim, rabecão etc. No século XIX, e na configuração da MPB, a rabeca passou a ser empregada por artistas populares de rua e em bandas popularescas do nordeste do Brasil.

Som da rabeca no Barro e Cordas