segunda-feira

VIVO!


Dia desses consegui finalmente um disco que há muito procurava e que me deixou surpreso. Obra desconhecida e rara. Difícil de classificar. Falo de Vivo!, disco lançado há 30 anos pela Som Livre com a gravação do show Vou Danado pra Catende, de Alceu Valença, no Rio de janeiro.

Lá por esses tempos, o cantor definia a base de uma carreira que inovaria a MPB. Só que, na época do registro em questão, seu som não chegava nem perto de “MPB”. Tinha forte acento experimental que o tornava inclassificável, situando-se próximo da psicodelia nordestina, tão bem representada pelo antológico Paêbirú, de Lula Côrtes e Zé Ramalho, disco do qual participaram vários músicos do underground recifense, inclusive Alceu.

O intrigante show Vou Danado pra Catende unia a teatralidade dos mamulengos, o cordel, o repente, lirismo e sarcasmo, tudo isso na imegem e na voz de Alceu. A banda de apoio era formada por (provavelmente) Zé Ramalho, Paulo Rafael, Israel Semente, Agrício Nóya, Dicinho e Zé da Flauta. Essa turma de cabeludos foi fundamental para colorir as idéias do cantor de São Bento do Uma. O resultado instrumental é uma mistura de Quinteto Armorial com Led Zeppelin e Ave Sangria.

A psicodelia de Alceu diferenciava-se de todas outras no fato de ser calcada no cordel e nas raízes da nossa música. O Beatles tiraram psicodelia da música indiana e da música erudita. Alceu encontrou uma psicodelia nordestina. Aliás, psicodelia é o que não falta na nossa cultura. Ouça bem uma música do Antúlio Madureira ou leia sobre algum mito sertanejo.

Alceu sempre soube equilibrar bem as informações colocadas em sua música, mas destacando sempre o que é da nossa terra. O rock está lá para dar força e vigor mais intensos, fazendo uma música intrigante, irreverente e muito rica, diferindo de purismos como os do pessoal que contestava o tropicalismo. Nordestino universal...

Infelizmente, o disco é uma raridade, mas você pode procurar no orkut, comuna Udigrudi, em sebos de discos usados, com algum parente... bem, boa sorte e lembre-se: escute sem preconceitos.

ASCENSO FERREIRA



Nasceu no dia 9 de maio de 1895, em Palmares, na zona da mata açucareira de Pernambuco. Sua mãe foi sua primeira professora e aos 13 anos Ascenso já trabalhava na loja de um padrinho. As histórias que ouvia dos viajantes o fascinaram, e mais tarde, povoaram seu universo poético. Homem de porte avantajado e vozeirão marcante, Ascenso mesmo assim era capaz de contar seus poemas de forma não raras vezes terna. O folclore e as coisas do Nordeste são a base de sua obra. Ele foi um dos poetas do nascente modernismo na década de 20. Seu livro mais conhecido é Catimbó, mas o que identifica imediatamente é o ritmo dos versos e a cadência da voz (“Vou danado pra Catende, com vontade de chegar!”). Ascenso Ferreira faleceu no recife no dia 5 de maio de 1965.

Fonte: Almanaque de Pernambuco 2003 – LAFEPE / Governo do Estado de Pernambuco – Secretaria de Saúde.

Trem de Alagoas (fragmentos)

O sino bate,
o condutor apita o apito,
solta o trem de ferro um grito,
põe-se logo a caminhar...

– Vou danado pra Catende
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
com vontade de chegar...

Mergulham mocambos
nos mangues molhados
moleques, mulatos,
vem vê-lo passar.

– Adeus!
– Adeus!

(...)

Meu Deus, já deixamos
a praia tão longe...
no entanto avistamos
bem perto outro mar...

Danou-se! Se move,
se arqueia, faz onda!...
Que nada! É um partido
já bom de cortar...

– Vou danado pra Catende
vou danado pra Catende,
vou danado pra Catende,
com vontade de chegar...

(...)

Para saber mais...

sábado

Óia eu aí!!!














Encontro com Silvério Pessoa (ex- Cascabulho)

















XXIV SKOPJE JAZZ FESTIVAL

com Lenine...