"Considera, minha alma", faz parte da Paixão Segundo São João, de Johann Sebastian Bach. É uma meditação sobre o sofrimento de Cristo com sua coroa de espinhos. O pequeno arioso (canção para solista) é escrito para voz masculina de Baixo, com acompanhamento de duas violas d'amore, alaúde e órgão. Música essencialmente barroca pelo conflito interno extremamente torturado. A música é essencialmente pictórica, representando por meio de sons o que normalmente vemos em pintura. É um aspecto essencial da música barroca e da obra de Bach. Assim, a instrumentação, a harmonia, a curva melódica, tudo isso é pensado com um propósito: expressar estritamente a idéia de um texto.
No barroco cada instrumento possui uma carga de simbologia, algo exprssado pelo seu simples uso em uma música. Do mesmo modo se tratavam as vozes humanas, as combinações melódicas, os gestos musicais. Para o texto áspero sobre Cristo, Bach utiliza voz de Baixo, que sempre representa o Cristo nas Paixões e Cantatas de Bach; e um alaúde, em seu tempo já um instrumento arcaico (embora Bach tenha lhe dedicado algumas peças, como transcrições de suítes para violoncello e violino). A sonoridade áspera do alaúde pode ser considerada uma representação dos espinhos da coroa dolorosa. Um aspecto extremamente belo da observação dessa música. Mais impressionante é observar que, graficamente, a coroa também está representada pelo alaúde, escrito em clave dupla.
Esse aspecto é essencial para compreender a música de Bach em si e a música barroca. Algo que pode hoje ser considerado até mesmo infantil, para aquela época fazia sentido e muitas vezes constituía o motivo para uma composição. A gente tem de se lembrar que na época não havia televisão, nem cinema; o modo de descrever as coisas, de captar o movimento de alguma coisa, era muito mais limitado - pintura, escultura, literatura e, principalmente, a música, o teatro e a dança tinham esse papel.
Algo que podemos entender não só para saber ouvir a música barroca, como para saber criar a nossa música, a música do nosso tempo, como fez Bach no seu tempo.
Ouça Bertrachte, Meine Seel, de Bach : Clique aqui
No barroco cada instrumento possui uma carga de simbologia, algo exprssado pelo seu simples uso em uma música. Do mesmo modo se tratavam as vozes humanas, as combinações melódicas, os gestos musicais. Para o texto áspero sobre Cristo, Bach utiliza voz de Baixo, que sempre representa o Cristo nas Paixões e Cantatas de Bach; e um alaúde, em seu tempo já um instrumento arcaico (embora Bach tenha lhe dedicado algumas peças, como transcrições de suítes para violoncello e violino). A sonoridade áspera do alaúde pode ser considerada uma representação dos espinhos da coroa dolorosa. Um aspecto extremamente belo da observação dessa música. Mais impressionante é observar que, graficamente, a coroa também está representada pelo alaúde, escrito em clave dupla.
Esse aspecto é essencial para compreender a música de Bach em si e a música barroca. Algo que pode hoje ser considerado até mesmo infantil, para aquela época fazia sentido e muitas vezes constituía o motivo para uma composição. A gente tem de se lembrar que na época não havia televisão, nem cinema; o modo de descrever as coisas, de captar o movimento de alguma coisa, era muito mais limitado - pintura, escultura, literatura e, principalmente, a música, o teatro e a dança tinham esse papel.
Algo que podemos entender não só para saber ouvir a música barroca, como para saber criar a nossa música, a música do nosso tempo, como fez Bach no seu tempo.
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2 comentários:
Olá Lucas,lendo o texto indago a questão de ser essa uma visão sob análise de método e não do objeto em sí;sabe,sobre tais métodos de análise na obra de Bach é notória a defesa de pontos discordantes e em muitas delas o objeto é fruto de descaso.Existem frentes que interpretam na obra deste os antecedentes de uma literatura(música)romãntica,de aspectos ilustrativos e complementares a um texto específico,outra,defende a retórica musical pura e seu instrumentarium é dotado de liberdade a piacere,ou seja,a primeira defende o uso de um elemento específico enquanto a segunda(muito usual)o uso de livre instrumento.
Muito legal este texto. Lembrei de umas coisas divergentes la do "Discurso dos Sons". Maravilha o Caravaggio também.
Parabéns por seu blog Lucas.
Sempre que posso dou uma conferida e tbm recomendo aos alunos.
[]
João Paulo Pessoa.
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